O geracaobenfica.blogspot.com (que aconselho sem reservas) publicou há mês e meio uma proposta, em treze pontos, de alteração dos estatutos do Benfica, apresentada por Bruno Carvalho, um post que foi amplamente comentado. Apesar de o ter descoberto com algum atraso não quis deixar de dar as minhas dicas. O primeiro ponto, todavia, libertou a minha ganância epistolar (que no quadro do blog citado ficaria desfasada).
Nesse ponto 1, discute o proponente, e os comentadores, sobre manter/modificar as qualidades de sócio, equiparar/distinguir as duas actualmente existentes. Na minha opinião, a discussão é manca neste aspecto, uma terceira via impõe-se: acabar pura e simplesmente com essa distinção (baseada na localização). O Benfica só deve ter um tipo de sócio, o "sócio do Benfica", portanto todos iguais, na quota, nos deveres e nos direitos. A Carbonária já foi, e há muito tempo. Fala-se tanto de "hoje em dia", de modernidade, de passado e futuro, e ninguém vê que "hoje em dia" o afastamento superior a 50km não tem já relevância nenhuma, nem nenhum dos participantes nesse debate colocou a hipótese de desvalorizar o factor geográfico, de o retirar desta questão. O que é isso de "correspondente"? Hoje em dia, como todos sabem, até as assembleias, reuniões e congressos podem ser efectuados por visioconferência!
Agora um à-parte, relativamente à conferência simultânea: quê? Despesas em equipamento? Sobrecarga em logística? Quando se defende o voto electrónico tais questões não se levantam, ninguém questiona a despesa com software e hardware; porque haveriam elas de ser impedimento numa participação simultânea multi-locais? Todavia, notem que eu não estou a defender uma tal revolução de procedimentos, nem a sugeri-la, apenas a discordar do facto que um benfiquista que more no Cartaxo ou em Setúbal possa ser sócio "correspondente".
Não é no entanto esse anacronismo que mais me prende a atenção, antes a situação de parecer existirem sócios de primeira e de segunda. É bem certo que tal distinção, tal escolha, depende sempre do livre arbítrio do proposto, mas no meu entender só deveria existir uma única categoria possível: a de Sócio do Benfica. Os produtos derivados tipo sócio-atleta, sócio-jovem, etc., não são para aqui chamados. A "marca" que me distingue dos meus concidadãos é a de ser Sócio do Benfica, e isso é único, é um padrão.
Para mim só há uma qualidade aceitável, a de "Sócio do Benfica", sem outros qualificativos. Com os mesmos custos de participação nesta grande família, os mesmos deveres e os mesmos direitos, como disse atrás. Se para fazer valer alguns desses direitos a distância é empecilho, olha, paciência; a sede do clube não pode estar em todo o lado.
Haverá por ventura cidadão efectivo e cidadão correspondente, algo que distinga aquele que habita no território do que habita no estrangeiro? Paga-se menos de taxas e impostos, sobre bens e serviços adquiridos no território, consoante o local habitual de residência é em Tamengos ou em Kuala Lumpur?
De resto, a existência de dois escalões de ligação ao clube abre um precedente para a criação de outros. Já que há sócios "efectivos", um dia destes um presidente qualquer pode lembrar-se de haver um patamar introdutório, tipo "sócio estagiário" ou "sócio provisório", um período prévio em que o proponente provaria qualidades para poder vir a tornar-se sócio "efectivo". Efectivos são todos os que são aceites e que pagam a sua quotização regularmente. A designação é (estou agora a pensar) mal escolhida, porque um "correspondente" é tão efectivo como um "efectivo"… Ou estes últimos pagam as quotas com notas de banco e os outros com notas de crédito?
Eu aceitaria mais facilmente o termo "permanente" por oposição a "intermitente", embora tal invalide a qualidade de sócio: um "membro de uma associação" só deixa de o ser por via de exclusão; as interrupções (de pagamento de quotas ou por sanção) não lhe retiram essa qualidade, apenas suspendem temporariamente os seus efeitos. Ah, pois, quem diz "intermitente" diz "temporário" (só quotiza em anos ímpares), "efémero" (só quotiza quando lhe sai o Euro Milhões), "momentâneo" (só quotiza quando o Porco o irrita), "passageiro" (só quotiza quando vem a Lisboa), etc.
Bem, para terminar seriamente este assunto diria que a um único tipo de sócio poderia acrescentar-se quantos títulos honoríficos se quiser — benemérito, amigo… — sem que tais sejam quotizantes, associados. Agora, sócio, só há um: o sócio do Benfica
4 August 2013
14 July 2013
Nós por cá todos bem
No dia 12 de Maio de 2013 o pensador pensava assim:
É precisa uma revolução no Benfica. É necessário deitar fora esse grupelho de merceeiros, gajos pequeninos, medíocres, pavões a cantar de galo mas sem esporão. É preciso que alguém lance a rebelião. Revoltemo-nos!, que essa gente já anda a gozar connosco há tempo de mais. Fora com todos os incompetentes que ganham centenas de milhar de euros e, na sua pretensão vaidosa, insultam a massa associativa do clube (que, por acaso, até é a mais numerosa do mundo) e todos os demais simpatizantes.
O Benfica não precisa de gente de pequeno formato intelectual, que não enxerga mais longe que a ponta do seu nariz; precisa de gente que olhe para a grandeza do clube e actue em conformidade, com ambição, com determinação, espírito de luta, para quem só a vitória conta, que faça sua a máxima de Almada Negreiros sobre o querer "sempre mais, muito para além de mais". O Benfica é grande apesar deles, mas esses diletantes acham que o clube é grande devido a eles. Estão convencidos de que melhor do que eles não há — então que alguém lhes demonstre que estão errados. E lhes mostre a porta da rua.
Revoltemo-nos!
Opor-se à corja de diletantes que tomou conta do nosso clube não é beneficiar nenhum adversário; eles é que lhes têm dado terreno a que nos prejudiquem sistematicamente. A arregimentarão do corpo de arbitragem desde tenra idade, a intimidação de jornalistas e a corrupção de estruturas administrativas não é mérito do inimigo, é demérito nosso por não termos sabido opor-nos a isso. O Benfica teve grandes senhores à frente mas nas últimas décadas é um desfilar de gente sem tomates, de carreiristas, de oportunistas. E, pior ainda, de gente que trocou o sócio pelo euro, o adepto pelo lucro, beneficiando directa ou indirectamente do posto que ocupam no maior clube do mundo. Então, para a fogueira!
É preciso fazer a revolução na maior instituição civil não ideológica nacional. Necessário e patriótico! Rebeldes precisam-se, e muitos, para correr de vez com o actual grupelho mavioso, que se ajudam e protegem uns aos outros para se perpetuarem numa direcção temerosa, acobardada, mesquinha, desprezível. Que vão todos, porque de uma maneira ou de outra são todos incompetentes. Já nos basta um governo protossalazarista; que ao menos o Benfica corresponda às esperanças do povo português.
No dia 12 de Julho de 2013 o pensador pensava assado:
Não é necessário fazer nada no Benfica, está tudo bem como está. O sapato está bem lustrado, a camisa engomada e a gravata de seda fina bem apertada, os negócios levam o seu rumo pelo mesmo trilho lamacento e a populaça aplaude, entre dois actos de contrição e uma novena pelos mais desprotegidos, albardados na fé que esconde a impotência, e sorridentes. Está tudo no patamar que lhe cabe e de resto o camião das mudanças não chega lá. Esqueçam a rebelião, pois já que o não fazem no emprego e na vida deixem em paz o relvado. Como tudo, um clube existe até morrer e se ninguém levanta uma mão para repor o agá na honra também podem deixá-la ficar enterrada no bolso onde dorme. Denunciem os rebeldes para que nada desestabilize o nosso grandioso edifício anti-sísmico. E não se esqueçam.
É precisa uma revolução no Benfica. É necessário deitar fora esse grupelho de merceeiros, gajos pequeninos, medíocres, pavões a cantar de galo mas sem esporão. É preciso que alguém lance a rebelião. Revoltemo-nos!, que essa gente já anda a gozar connosco há tempo de mais. Fora com todos os incompetentes que ganham centenas de milhar de euros e, na sua pretensão vaidosa, insultam a massa associativa do clube (que, por acaso, até é a mais numerosa do mundo) e todos os demais simpatizantes.
O Benfica não precisa de gente de pequeno formato intelectual, que não enxerga mais longe que a ponta do seu nariz; precisa de gente que olhe para a grandeza do clube e actue em conformidade, com ambição, com determinação, espírito de luta, para quem só a vitória conta, que faça sua a máxima de Almada Negreiros sobre o querer "sempre mais, muito para além de mais". O Benfica é grande apesar deles, mas esses diletantes acham que o clube é grande devido a eles. Estão convencidos de que melhor do que eles não há — então que alguém lhes demonstre que estão errados. E lhes mostre a porta da rua.
Revoltemo-nos!
Opor-se à corja de diletantes que tomou conta do nosso clube não é beneficiar nenhum adversário; eles é que lhes têm dado terreno a que nos prejudiquem sistematicamente. A arregimentarão do corpo de arbitragem desde tenra idade, a intimidação de jornalistas e a corrupção de estruturas administrativas não é mérito do inimigo, é demérito nosso por não termos sabido opor-nos a isso. O Benfica teve grandes senhores à frente mas nas últimas décadas é um desfilar de gente sem tomates, de carreiristas, de oportunistas. E, pior ainda, de gente que trocou o sócio pelo euro, o adepto pelo lucro, beneficiando directa ou indirectamente do posto que ocupam no maior clube do mundo. Então, para a fogueira!
É preciso fazer a revolução na maior instituição civil não ideológica nacional. Necessário e patriótico! Rebeldes precisam-se, e muitos, para correr de vez com o actual grupelho mavioso, que se ajudam e protegem uns aos outros para se perpetuarem numa direcção temerosa, acobardada, mesquinha, desprezível. Que vão todos, porque de uma maneira ou de outra são todos incompetentes. Já nos basta um governo protossalazarista; que ao menos o Benfica corresponda às esperanças do povo português.
No dia 12 de Julho de 2013 o pensador pensava assado:
Não é necessário fazer nada no Benfica, está tudo bem como está. O sapato está bem lustrado, a camisa engomada e a gravata de seda fina bem apertada, os negócios levam o seu rumo pelo mesmo trilho lamacento e a populaça aplaude, entre dois actos de contrição e uma novena pelos mais desprotegidos, albardados na fé que esconde a impotência, e sorridentes. Está tudo no patamar que lhe cabe e de resto o camião das mudanças não chega lá. Esqueçam a rebelião, pois já que o não fazem no emprego e na vida deixem em paz o relvado. Como tudo, um clube existe até morrer e se ninguém levanta uma mão para repor o agá na honra também podem deixá-la ficar enterrada no bolso onde dorme. Denunciem os rebeldes para que nada desestabilize o nosso grandioso edifício anti-sísmico. E não se esqueçam.
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